Conheci Pinky em 2013 quando estava preparando meu curta-metragem, Like Shadows Growing as the Sun Goes Down, no qual ele acabou desempenhando um papel. Nessa época, Pinky estava trabalhando meio período em uma gráfica de camisetas e fazendo malabarismos em encruzilhadas na cidade de Medellín. Rapidamente nos tornamos amigos. Ele confidenciou sua história em mim. Alguns meses antes, ele havia escapado de uma seita religiosa onde havia estado por 8 anos. Ele odiava a pessoa que dirigia a seita e sob cuja influência ele havia vivido: um homem que fez com que todos os membros da seita o chamassem de “Pai”. Pinky disse que o mataria se lhe fosse dada a oportunidade.
O relato de Pinky sobre sua vida deixou uma profunda impressão em mim. Fiquei tocado pela sua admissão de fraqueza, pela história de seu despertar e pelo orgulho que sentia em saber que agora estava livre. Mas mais do que isso, fiquei perturbado com a relação que alguém tão gentil e introvertido poderia ter com a violência. A seita fez muito de seu dinheiro através de atividades ilegais. Pinky, como a maioria de seus membros, foi ensinado a usar uma arma. Em nome dos interesses do grupo, ele deve ter estado envolvido – a um grau que eu não conheço – em ações violentas.
A realização do filme, no qual Pinky desempenha seu próprio papel, permitiu-lhe, portanto, criar um novo arranjo com os acontecimentos que ele viveu e aqueles que ele desejava. Desta forma, o filme foi um gatilho para a própria catarse de Pinky. Los Conductos colocou Pinky em um caminho de auto-reflexão que continuou muito depois do filme ter terminado.